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Vinicius Carvalho - favor ler. Se ficou ofendido, foda-se! ⚠️

“Bela Ciao - 79 anos da morte do Mussolini, mas quem diria que ele deixaria tantos filhotes?

Neste dia, há exatos 79 anos, o líder fascista italiano Benito Mussolini desistia de ser humano pra virar Carne de Sol. Os que ainda não voltaram a ser fascistas na Itália comemoram, neste dia, o momento em que os partisans capturaram e executaram o líder fascista Benito Mussolini, na finaleira da Segunda Guerra Mundial. Os partisans italianos são aquela turma da música Bella Ciao, etc... O Mussolini é aquele cara que defendia umas paradas parecidas com Bolsonaro, com a turma lá da justiça de Curitiba e com alguns milhões de brasileiros fanatizados e fascistizados pela Igreja e pelo ódio puro e simples.

Evoé, Partigiani. Porém, Não apenas no Brasil, mas em todo o planeta o fascismo cresce a olhos vistos. Quem melhor comentou sobre este assunto, foi o Ministro Fernando Haddad, em sua entrevista para a Folha, hoje.

“A extrema-direita não é episódica. Ela pode até durar pouco no curso da História. Mas às custas de muita destruição (...) Eu lamento dizer que considero o Bolsonaro uma boa tradução do que muita gente pensa no Brasil. Eu lamento porque me choca que isso [organização da extrema-direita] tenha se dado em torno dessa figura que tem uma mentalidade muito arcaica, quase medieval. O fenômeno é mundial, mas aqui tem essa idiossincrasia. Eu lamento. Porque até a extrema-direita no mundo come de garfo e faca às vezes.”

Entre imagem, apito de cachorro e atitude, a morosidade da justiça não dá conta de combater o fascismo. Cada dia de Bolsonaro desfilando em carreatas (mesmo que mirradas) e figuras como Julia Zanata desfilando com sua tiara fascista, o ultraliberalismo aliado da extrema-direita de Zema, MBL e Tarcísio, é um cuspe na cara de quem ainda presta na nossa sociedade.

A questão que fica para mim é, se há 100 anos existia uma União Soviética no mundo, qual é a esquerda que vai combater a ascensão do fascismo e da religiosidade neopentecostal hoje por aqui? Essa esquerda aí do BBB e passa o dia no twitter reclamando dos seus gatilhos quando alguém lhe aborda de forma mais grossa? Os comunistas de poltrona gamer? Essa turma que não tem a menor vergonha de se aliar a direita para fazer oposição ao Lula fazendo força para não entender o que está acontecendo no país? Gente que acha que um poder executivo enfraquecido depois de 7 anos do combo Temer, Lava Jato e Bolsonaro tem algum grande poder de combate a uma estrutura grande e de massas? Não me parece.

É grave porque se na América Latina o cerco da extrema-direita é grande, na América do Norte ela está batendo na porta, numa Europa de líderes fracos e rastejantes, a extrema-direita avança novamente e no Oriente Médio, Netanyahu faz o que quer impunemente. Se o planeta atualmente não consegue produzir um novo Lênin ou um novo Tito pela esquerda, a direita consegue muito bem produzir novos Mussolinis. Quem diria.

A questão que pega nem é não termos mais líderes com ímpeto para combater os novos ovos de Mussolini, mas que na guerra cultural que a extrema-direita jogaram o mundo desde 2008, a esquerda claramente saiu derrotada. A questão cultural, a forma como a direita conseguiu ganhar os corações e mentes e falar para trabalhadores comuns, empobrecidos e desiludidos com o neoliberalismo é uma questão global, não apenas brasileira. E falam de forma simples.

O fenômeno que tanto batem da comunicação no Brasil não vai ser resolvido com ferramentas modernizantes. O bolsonarismo por aqui tem uma característica que consegue conectar suas ideias com o povo comum justamente pelo arcaísmo, seja nas ideias, seja nas ferramentas. Mais do que potencial de entregar mensagens via whatsapp, o bolsonarismo no Brasil consegue difundir suas ideias com jornaizinhos de bairro, de pequenas cidades, rádios de pequeno alcance. Está tudo ali, 24 horas por dia no corredor do seu prédio, na fila do mercado, na rádio entre orações, receitas de bolo e noticiário da chuva, de trânsito, etc.

O país tomou conhecimento e se assustou essa semana com a popularização de um jornalista paspalho de Florianópolis, o Cacau Menezes. Estupidez, racismo, xenofobia, masculinismo exacerbado, conservadorismo, tudo está ali nele. A questão é que, essa figura está há décadas ali naquele estado formando esse opinião, só que conseguindo entregar absurdos e ser popular e querido pela comunidade local, mesmo assim. Mesmo que as pessoas não concordem totalmente com ele, ele consegue se colocar como um observador do cotidiano local, que fala amenidades e traz “leveza” pro dia das pessoas. Tá arriscado você respondê-lo a altura e ainda ficar como radical e intolerante. E como ele, existe pelo menos um em cada região metropolitana do país.

Eis o nosso entrave no crescimento da direita do “mussolinismo” que segue mais vivo do que nunca. Nos comunicamos pelas complexidades, o neofascismo, pela urgência e pela simplicidade, pela mentira que todos querem ouvir e pela confusão mental. Como diria o Ministro Fernando Haddad, mesmo que a extrema-direita seja episódica, o potencial dela de gerar estragos a longo prazo é imenso. Os trabalhadores de aplicativo, lutando para continuar sem ter direitos, que o digam. É a luta de classes de cima para baixo.”

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