Há alguns dias um estudioso de mídia russa divulgou um estudo seu mostrando como a imprensa, por lá, oscila as posições para passar por debaixo dos panos certas pautas de Putin. Ele mostrava como a palavra "terrorismo" se associava com certos padrões da imprensa ligados à OTAN.
Respondi: não é o exatamente o inverso na mídia da OTAN?
Ele ridicularizou, pedindo que eu lhe mostrasse um só canal de mídia que fosse de alguma coisa chamada "OTAN". Outro veio em apoio e me chamou de ignorante.
E *la nave va*.
Mas o impressionante, nisso tudo, é como certas questões são negligenciadas.
Giuliano da Empoli, num livro chamado *Engenheiros do Caos*, mostra como, para além das oposições, circula na política mundial certas confluências, por exemplo em hábitos políticos nacionalistas, mídia etc.. Ele chamou esse movimento transnacional de **internacional nacionalista** (para contrapor aos termos afins à "internacional comunista"). O termo inclusive tem ressonâncias do que Hannah Arendt c hamava de "internacional fascista".
Há certas coisas difíceis de não fazer corresponder na ultradireita de vários países (ou em ressonâncias dela), e uma delas é a polarização idiotizada das diversas imprensas (idiotia: vem do grego *Idios*, particular, próprio, privado "meu" em detrimento de uma comunidade). Daí a curiosa ideia de um nacionalismo internacionalizado.
Mas para alguns especialistas, o caminho é o da ironia e da negação.