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O RJ sempre me pareceu ser uma espécie de espelho exagerado do Brasil. Tipo, se o Brasil realizar certas virtualidades, será parecido ou acentuará características existentes do RJ.

Hoje almocei no Shopping de Cabo Frio. É um lugar literalmente construído no paraíso: durante milhares de anos pessoas viveram aqui, pois neste lugar há o fim da Lagoa de Araruama, confluência de lagoa com mar de água límpida, transparente de um jeito raramente visto.

É tão raro que descrever como é a água por aqui não faz juz ao modo como as pessoas de fora entenderiam.

Além disso, há muitos sambaquis por aqui, sem contar vestígios arqueológicos outros que poderiam eventualmente ser encontrados. É muito verossímil dizer que, quando Américo Vespúcio atracou aqui perto (onde hoje é conhecido como Arraial do Cabo), havia nesse lugar muito índio morando e se alimentando fartamente, sem contar a mata exuberante e os outros recursos.

Mas o que se fez de fato foi um Shopping. A imagem é essa mesma, a de pavimentar o Paraíso, a História, colocando em cima asfalto, Mc Donalds e a especulação imobiliária da Região dos Lagos (todos os ítens combatidos por alguém que já se foi, Carlos Scliar, sem que outros tenham chegado).

Nada de Mata Atlântica (ela é um elemento estranho à paisagem do cabofriense, artigo de eventual gente de luxo da APA Pau Brasil, ja perto de Buzios), de sambaqui, de História ou estórias.

O que há é Divertidamente no cinema, gente mal educada e, quando você sai para comer lá fora e contemplar a lagoa, fica ouvindo os motoboys do Iphood esbravejando aos gritos e trocando farpas com os outros funcionários que estão assalariados (sabe-se lá até quando).

(Suco de Rio de Janeiro, suco do que parece que o Brasil quer ser muito mais)

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