Leticia Cesarino, [impecável](https://twitter.com/letcesar/status/1669310477460021248) :
> tem um padrão estrutural muito interessante em todos os segmentos da direita. a obsessão com a liberdade individual vem sempre acompanhada de algum tipo de espontaneísmo q teria os processos sob controle (Deus, livre-mercado, mestiçagem, família patriarcal, ou alguma outra versão de "confie no plano", q vai complementar o "faça a própria pesquisa"). e esse enquadre como um todo vai se contrapor ao inimigo, q são sempre elementos de estrutura social passíveis de serem modificados por política pública etc. e o + impressionante de um ponto de vista sociotécnico é q essa topologia corresponde exatamente ao deslocamento do tipo de mediação q tínhamos no sistema de peritos pré-digital pelo tipo de mediação q as plataformas introduzem, onde a agência algorítmica por não ser reconhecida pelo usuário tb aparece como espontaneísta enquanto a presunção de liberdade individual corresponde à interface de experiência do usuário tal qual construída pelas plataformas para gerar precisamente esse efeito ilusório, enquanto atrás da tela somos colocados pelos algoritmos num estado invertido, ou seja de heteronomia.
> Temos portanto uma situação aparentemente paradoxal (pois apenas da nossa perspectiva) onde a condição para a liberdade é a heteronomia, ou seja, a delegação da agência para alguma entidade holística . Daí tb a negação da responsabilização, tão característica do bolsonarismo.
> Sendo o caso extremo dessa heteronomia o q Arendt chamou da banalidade do mal.