Sempre tive comigo a crença, aprendida no existencialismo, de que o outro é outra liberdade.
Essa crença era bastante otimista: o outro é outra liberdade, portanto pode decidir pelo melhor, decidir por aprender, por evoluir, por criar.
Essa crença evoluiu até chegar em seu contrário. Continuo acreditando que o outro é uma liberdade. Mas agora essa crença se formula em dúvida e ceticismo: será essa liberdade disposta a fazer diferente do que faz, de aprender, de não cair nas malhas do simplesmente cotidiano, banal, massificado, maquinizado, pequeno? Será ela capaz de afirmar os acertos e aceitar os próprios erros, de perdoar e pedir perdão, de saber que não é perfeito e nem fracassado, de viver sua vida em meio a outras liberdades?
A economia da crença não é mais a da confiança. É a da surpresa.