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Algumas coisas que percebo cada vez mais em alunos ingressantes na universidade:

  • estreitamento brutal de vocabulário;
  • tendência a considerar a leitura algo aversivo, e pior ainda se o texto for complexo ou longo e precisar de esmero e releitura;
  • intensificação exacerbada da emoção e volubilidade emocional;
  • dificuldade em entender onde está e quanto ao fato de que ele não é um cliente e sequer está num lugar onde pode dizer o que quiser sobre qualquer coisa, sem que isso tenha consequências;
  • uma espécie de crença auto-evidente de que ou se é um sucesso notório, ou um redondo fracasso, sem meios-termos. Não há maior sentido de evolução, de se estar num curso com início, meio e fim, com dificuldades ocasionais e sobretudo aprendizados;
  • Os alunos parecem achar que a vida é uma espécie de sucursal do Instagram, onde nos identificamos com uma imagem, um avatar imutável. Nesse sentido, não pode haver erro e qualquer erro é visto como fatalidade.
  • Não à toa os discursos sobre depressão e suicídio estão na moda. Afinal, ao que tudo indica, parece que todo mundo tem que ser perfeito e sem defeitos; que a vida não é um aprendizado; que as relações humanas não possuem ruídos e necessidade de entendimento mútuo, construído dia-a-dia e com todo mundo.

Os alunos de hoje parecem surfar naquele verso batido de Renato Russo: “a primeira vez é sempre a última chance”

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