Por trás do produtivismo acadêmico se esconde uma indústria do descuidado: avaliações não feitas de monografias, dissertações, teses; pareceres não lidos para artigos; decisões editoriais feitas sem cuidado; revisões de texto mal feitas; traduções ruins; artigos mal escritos, sem ineditismo, sem lógica ou de argumentação frágil; práticas de autoplágio, salami research, negligência de citação obrigatória de quem já pesquisou antes, citações feitas sob relação puramente pessoal, passagem por cima de pesquisadores mais adiantados; preconceito colonialista contra "não-ocidentais"... há um circo grotesco e muito feio na academia.
E como ele se sustenta? Por vínculos baseados em relação pessoal se sobrepondo à academia, por vícios e bolhas, por delegação sob critérios pessoais de quem pode ter fala qualificada, por redes de ostracismo, denegação ou ataque direto, por desqualificação automática de não-ocidentais...
Mas há quem ainda preze pelo rigor, pela pesquisa paciente e consequente, sem produção por número, citando inclusive quem lhe negligencia, cultivando o que a academia deve ser, não caindo nesses esquemas de technorati, pirâmides, iniciações e fast food.