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Identitarismo e pluralismo

Vejo muita gente que vem de familia abastada trilhando o caminho do jovem místico: sem referência moral na vida, vai criando um amálgama de crenças, baseadas em traduções brasileiras sem notas de rodapé, de tradições religiosas e místicas, por vezes misturadas com medicalização psiquiátrica desconrolada.

É o exato simétrico e inverso do jovem religioso não-místico, que se bitola na religião com Bíblias sem notas de rodapé e rituais duvidosos, de adesão forçada mais à performance do que ao conteúdo, não importando se no catolicismo ou nas religiões neopentecostais.

E a cereja do bolo é o jovem ateu, bitolado num cientificismo ingênuo, de textos sem notas de rodapé, quando no melhor apoiado em Carl Sagan e quetais, mas decaindo rapidamente para Richard Dawkins e outros que nem vale a pena citar.

São formas de vida contrárias entre si, mas que se unificam no seguinte:

  • todas aderem às crenças de forma bitolada, rígida, dogmática, sem recursos;
  • as crenças não permitem sutilezas, e daí o fechamento em bolhas e doutrinas “sem notas de rodapé”;
  • isso é unha e carne com o identitarismo tão cultivado em nossos tempos, especialmente pelas agências de engajamento e Big Data, pois afinal, é como se todo mundo devesse se encaixar numa etiqueta;
  • e finalmente, isso tudo supõe uma negação fundamental do pluralismo, o qual se ligaria ao dinamismo da vida e à possibilidade de mudança.
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