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**O CONSTRANGIMENTO QUE SILENCIA**

Tempos atrás alguém muito querido, uma flor de pessoa, disse que desejaria ver morto. O modo como o disse, e reiterou, deixou todos ao redor atônitos. Mas ninguém disse nada. Pois, naquele momento, isso geraria climão, indisposições, paixões desnecessárias etc..

Esse tipo de atitude, e a reação a ela, dizem muito sobre o momento em que vivemos e como o avança. Cada vez mais, muita gente se sente autorizada a dizer coisas que são verdadeiros absurdos. E ser absurdo é importante, pois coloca o interlocutor numa posição constrangedora, custosa, que seria aquela de fazer longas explicações ou simplesmente devolver a agressividade na mesma moeda.

E para essa pessoa que diz impropérios, ser contrariada é também um modo de reforçar o que acredita. Se ela diz que deseja ver Lula morto e você responde a isso, não importa o tom de sua resposta: para ela, você se transformou imediatamente num lulista.

Mas o silêncio, esse é ainda mais importante. Ele valida a fala. E inibe, cada vez mais, o intelocutor. Quanto mais ficamos em silêncio, mas silenciados ficamos. Menos espaço encontramos para falar.

Esse processo contínuo de silenciamento já foi notavelmente descrito por muitas pessoas, particularmente por Viktor . Ele mostrava como, desde o início dos anos 1930, os judeus eram silenciados na Alemanha. Começava com ser convidado a um jantar e ouvir piadas sobre , até rir junto ou paticipar com outras piadas. O nível seguinte era, para além da ironia, o comentário reprovador: "os judeus", "os ", "os..."

Começava o constrangimento silenciador. E logo os amigos judeus não eram mais convidados aos jantares. Depois perdiam os empregos. Então vieram os guetos, os campos de concentração...

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