Professor é uma profissão extremamente estressante.
Há pressão de todos os lados. Há as leis e as normativas, e o fato de que a estrutura do trabalho não corresponde às leis e normativas. Dejours diria: todo trabalho tem a distância entre o prescrito e o real. Mas se você é professor, isso tem camadas outras e específicas.
E então, no campo do real, há a estrutura. Com frequencia ela é aquém do mínimo do mínimo, e há lugares onde ela está muito longe disso.
Além disso, há as relações com os colegas, também específicas na profissão. Há as desavenças políticas em âmbito global e local. Globalmente, sempre há os colegas que trabalham contra os próprios interesses, e em âmbito local há as pequenas políticas, as negociatas possíveis de corredor, os eventuais jogos de privilégio etc..
E há os alunos. Todas as pedagogias modernas dizem que as salas deveriam conter poucos alunos, mas é o contrário que se vê. E trabalhar com gente, não importa a idade, é naturalmente estressante. Quanto mais em função de mais gente.
Há a política fascista dizendo que professores são doutrinadores e pregadores de mamadeira de piroca. Há a pressão das plataformas online, a confusão generalizada de que o remoto corresponderia ao presencial e normal.
Há tanta coisa que, bem, a última cereja é de quem ainda vem dizer que ser professor é uma "missão" e não uma profissão.