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Saiu na Nature:

ChatGPT broke the Turing test — the race is on for new ways to assess AI

Large language models mimic human chatter, but scientists disagree on their ability to reason.

Link: nature.com/articles/d41586-023

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E além das IAs serem utilizadas para escanear o cérebro e reconhecer padrões de palavras e sentenças, elas também estão sendo usadas para escanear atividades de reconhecimento de imagem:

This A.I. Used Brain Scans to Recreate Images People Saw

The technology, which was tested with four people, is still in its infancy but could one day help people communicate or decode dreams, researchers say

smithsonianmag.com/smart-news/

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Artigo da Science:

Cientistas usam IA para decifrar palavras e sentenças em escaneamentos cerebrais

Scientists use AI to decipher words and sentences from brain scans. Budding could someday help paralyzed patients communicate—but could also raise privacy concerns

science.org/content/article/sc

CABESTAN, Philippe. Face à la folie. Psychose, phénoménologie et analyse existentielle (Daseinsanalyse). DoisPontos, [S.l.], v. 20, n. 1, jun. 2023. ISSN 2179-7412. dx.doi.org/10.5380/dp.v20i1.86.

A Gestalt e seu “realismo crítico”

É famosa a passagem de Kurt Koffka ilustrando o cavaleiro que atravessa o lago congelado de Constança achando que cavalgava por sobre a neve. Quando chega em seu destino e é informado do que fez, o cavaleiro tem um susto e cai morto no chão.

Diz Kurt Koffka: o “meio comportamental” do cavaleiro lhe apresentava uma planície, embora o “meio geográfico” constituísse, no fundo, um lago, cujo gelo poderia ter rompido e engolido cavaleiro e cavalo. Há, para o gestaltista, dois “meios”, aquele vivido e aquele outro que ultrapassa os fenômenos, “trans-fenomenal”.

A tese de fundo, tal como a nominam por exemplo os gestalt-terapeutas, é a do “realismo crítico”: há de fato uma espécie de mundo real, uma Realität que ultrapassa o âmbito fenomenológico, mas pode de algum modo cair nele; e há o mundo “atual”, efetivo, vivido sob significações fenomenológicas. O mundo real pertence ao meio geográfico - por ex, o lago para além do cavaleiro -, enquanto o mundo fenomenal pertence ao mundo comportamental.

A tese é muito curiosa, caso comparada com Kant. Neste, a noção de coisa em si servia como uma noção-limite que impedia a existência de um meio geográfico. Qualquer meio geográfico, sob a noção kantiana, seria, ao fim, algo receptível pela intuição e determinável sob conceitos, e portanto, jamais passaria de outra coisa que não um “meio” fenomenal, mesmo que implícito. Segundo Kant, considere-se qualquer conhecimento, e ele será da alçada das determinações do entendimento.

Mas em Gestalt há a curiosa cisão entre um meio que é geográfico e não comportamental, mas pode tornar-se comportamental.

Essa noção poderia inclusive dizer respeito ao seguinte: o que diz respeito ao meio geográfico pertence ao mundo de qualidades físicas, que podem ser interpretadas sob o meio comportamental. O meio físico tem precedência sobre o meio comportamental.

Mas, como o gestaltista não deixaria de notar, mesmo essa insistência de um mundo físico ou de um “lá fora” sobre nossos comportamentos não deixa de ser dada a partir do momento em que nossos comportamentos existem sob o meio comportamental. As teses da Gestalt, mesmo que emprestáveis da física, obrigatoriamente se confrontam com a necessidade de postular se estamos aqui falando de psicologismo ou não. Pois há um curioso redobramento, uma reduplicação entre o que pertence ao geográfico e ao comportamental: o geográfico é assumido como exterior e primeiro frente ao comportamental; por sua vez, toda condição do que pertence ao geográfico é primeiramente determinada pelas características comportamentais humanas.

Tome, por ex., um conceito físico qualquer. Nenhum gestaltista diria que ele é uma expressão do mundo “tal como é”, pois foi criada por um físico e, portanto, dentro de um meio comportamental humano. É este que, sob seus conceitos, postula, mesmo que reflexivamente, os conteúdos do que se chamará de meio físico. Aquilo que se imporia a um ser humano, portanto, não poderia ser determinável senão a partir do meio comportamental humano.

Mas em Gestalt, o jogo recomeça: há um mundo lá fora, que ao mesmo tempo é e não é tornável comportamental.

Se essa reduplicação entre o geográfico e o comportamental criticaria teses como a de Kant, é curioso como o “realismo crítico” aqui envolvido revela novos problemas. A realidade lá fora é e não é determinável sob o mundo fenomenal humano, que é e não é dependente da realidade exterior.

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