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De lá para cá
O comentarista de portal
Virou o tio do WhatsApp
O astro do telecatch
Virou presidente
O deputado comia as putas
Virou o mito da gente

É interessante ver como o povo fit fixa um objetivo para a vida que é de "ser fit" e tudo gira em torno de uma ascese que consiste em certa alimentação "fit", rotinas de academia e tudo filmado várias vezes ao dia para sair no Instagram.

É uma versão ultra-rebaixada e requentada do que ensinaria O Retrato de Dorian Gray.

Hoje peguei Uber com um motorista argentino. Perguntei sobre . A resposta foi que ele é uma esperança, embora haja muita pobreza. O anterior era um "bandido", "igual a Lula". Milei "vai mudar a Argentina", mas isso "se o deixarem fazer".

Triste. São exatamente as mesmas idiotices de WhatsApp contadas para promover , só mudando o nome.

É o que Da Empoli chama de "Internacional Nacionalista".

Algo que tenho notado no sul do Brasil é a degradação geral das condições de vida. É na relação entre as pessoas, é nos serviços, tudo.

Antes da pandemia eu notava sempre, por exemplo, como o sul era tão mais fácil e barato de viver que outras regiões.

Agora a gasolina do sul concorre com a de lugares como as regiões mais turístico-predatórias do Rio de Janeiro. E o preço da marmita - aquela que sustenta o trabalhador - já é mais caro.

3 chopes. Hora de voltar para casa e trabalhar mais umas 3 horas 😪

Marcio LM boosted

#introducao Sou o Tiago de Lima Castro. Sou professor de música e de filosofia, mesmo atuando mais na primeira. Fiz mestrado e doutorado em estética musical. No meu Blog e Podcast divulgo temas que pesquiso, entre outras cositas más...

Vejo bte gente debandando do Xeeter, mas indo para o Bluesky.

O que está dando "errado" no fediverso?

Escrevi isso em 2022, sobre a pandemia de 2020:

> Em 2020, quando começou a pandemia, ouvi o dito de que era preciso não levar o rompante das pessoas tão a sério, pois as coisas não estão normais e, mais ainda, as pessoas sequer se comunicavam por meios corriqueiros.
> Comecei a perceber isso pelo Wzap, pelos mails e pelo Google Meet: eram fábricas de mal entendidos.
> Mas parece que, 2 anos depois, as pessoas naturalizaram isso. Elas tomam aquele zapzap ou mail atravessado e aquele avatar movente e comentário com um lag na conexão como se tivessem o mesmo estatuto da fala e da presença em carne e osso. E mais ainda: tiram conclusões sobre as relações reais com o outro por meio disso.
> Essa confusão entre o meio e o emissor deve ser um assunto e tanto, por exemplo, para quem faz psicoterapia online (tema que há 10 anos era considerado impossível, inclusive por colocar questões como essas).

Uma consequência muito séria disso que tenho visto é que os adolescentes não estão conseguindo notar a diferença entre certo desempenho que eles realizam num momento e o que eles são. É como se todo mundo fosse inteiro, aqui e agora, e não tivéssemos momentos de força e fraqueza, ou de aprendizado por ex. Aí ttudo precisa ser resplandecente, todo mundo tem que ser o mais bonito e o melhor, sem frustrações.

Só que somos finitos, temos defeitos, aprendemos, e no fundo estamos forjando uma sociedade de derrotados e frustrados, pois todo mundo percebe em algum momento que não se iguala a um avatar.

E o que as pessoas fazem então? Reforçam o sistema de aparências. Até os exageros depressivos e as ameaças de suicídio fazem parte disso.

"N'ayez jamais peur de la vie, n'ayez jamais peur de l'aventure, faites confiance au hasard, à la chance, à la destinée.

Partez, allez conquérir d'autres espaces, d'autres espérances. Le reste vous sera donné de surcroît."

✒️ Henri de Monfreid, Les secrets de la mer rouge

Tomando café e estudando. Na mesa ao lado, uma política que será candidata fala sobre a festa de lançamento de campanha: haverá gogo-boys, as mulheres vão pirar.

Ah, a política brasileira!

PS: adivinhem só quem esse grupo apoia

Simbólico demais de nossa época: o cara não articula uma frase correta e vende um livro feito no sobre como gerar best sellers.

Saí do Xeeter faz tempo e fico ainda mais feliz de ter saído uando vejo a coprolalia do Elon Mosca.

Só pensando aqui sobre como é que aquilo ainda para em pé.

Procurar coisas sobre Foucault no Youtube é sempre algo meio estranho. Valeria lembrar que nos anos 1980, quando começavam a se multiplicar as câmeras de vigilância, sempre havia alguém pronto a falar sobre o argumento do panopticismo e da sociedade de vigilância generalizada, sob os argumentos de Vigiar e Punir.

Hoje há quem abra canal do Youtube para falar sobre Foucault e divulgar sua "obra". Mas há também quem não abra canais e apareça por ali a convite ou sob algum registro de evento. Cada um ocupando um pequenino papel em políticas de segmentação e publicidade.

Gift em inglês é dádiva, em alemão é veneno

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