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Sempre acho engraçado quando o garçom fluminense recolhe o prato. Ele não deixa vc terminar a refeição direito, às vezes vc não largou o garfo, ou não engoliu a comida, ou ela nem desceu.

Mas naquele gesto de recolher o prato muito rapidamente há uma mistura de resquícios coloniais de serviçalismo, com resquícios coloniais de resisténcia a ele e pitadas da soberba do "estou pouco me zodendo para você"

Demorei para saber da existência da dita "teologia do domínio". Não concordo com esses discursos paranóicos com chave "tudo é um", mas esse vídeo é bte interessante:

youtube.com/watch?v=QH0J4X-GGg

Algumas coisas que percebo cada vez mais em alunos ingressantes na universidade:

- estreitamento brutal de vocabulário;
- tendência a considerar a leitura algo aversivo, e pior ainda se o texto for complexo ou longo e precisar de esmero e releitura;
- intensificação exacerbada da emoção e volubilidade emocional;
- dificuldade em entender onde está e quanto ao fato de que ele não é um cliente e sequer está num lugar onde pode dizer o que quiser sobre qualquer coisa, sem que isso tenha consequências;
- uma espécie de crença auto-evidente de que ou se é um sucesso notório, ou um redondo fracasso, sem meios-termos. Não há maior sentido de evolução, de se estar num **curso** com início, meio e fim, com dificuldades ocasionais e sobretudo aprendizados;
- Os alunos parecem achar que a vida é uma espécie de sucursal do Instagram, onde nos identificamos com uma imagem, um avatar imutável. Nesse sentido, não pode haver erro e qualquer erro é visto como fatalidade.
- Não à toa os discursos sobre depressão e suicídio estão na moda. Afinal, ao que tudo indica, parece que todo mundo tem que ser perfeito e sem defeitos; que a vida não é um aprendizado; que as relações humanas não possuem ruídos e necessidade de entendimento mútuo, construído dia-a-dia e com todo mundo.

Os alunos de hoje parecem surfar naquele verso batido de Renato Russo: "a primeira vez é sempre a última chance"

De lá para cá
O comentarista de portal
Virou o tio do WhatsApp
O astro do telecatch
Virou presidente
O deputado comia as putas
Virou o mito da gente

É interessante ver como o povo fit fixa um objetivo para a vida que é de "ser fit" e tudo gira em torno de uma ascese que consiste em certa alimentação "fit", rotinas de academia e tudo filmado várias vezes ao dia para sair no Instagram.

É uma versão ultra-rebaixada e requentada do que ensinaria O Retrato de Dorian Gray.

Hoje peguei Uber com um motorista argentino. Perguntei sobre . A resposta foi que ele é uma esperança, embora haja muita pobreza. O anterior era um "bandido", "igual a Lula". Milei "vai mudar a Argentina", mas isso "se o deixarem fazer".

Triste. São exatamente as mesmas idiotices de WhatsApp contadas para promover , só mudando o nome.

É o que Da Empoli chama de "Internacional Nacionalista".

@aurelio nossa, o q eles tem dito? To totalmente por fora.

E as greves das universidades, inclusive, brotando.

Algo que tenho notado no sul do Brasil é a degradação geral das condições de vida. É na relação entre as pessoas, é nos serviços, tudo.

Antes da pandemia eu notava sempre, por exemplo, como o sul era tão mais fácil e barato de viver que outras regiões.

Agora a gasolina do sul concorre com a de lugares como as regiões mais turístico-predatórias do Rio de Janeiro. E o preço da marmita - aquela que sustenta o trabalhador - já é mais caro.

@santiago @darksideofaquarius@mastodon.gal Concordo plenamente, precisamos ter nossos "nichos" e lugares de convivência. Mas me assusta ver que hoje em dia a vida inteira está se transformando em nicho, com pessoas que não compartilham mais do mesmo mundo. Estudos semelhantes a esse abaixo, nesse sentido, são muito importantes. Precisamos fincar o pé no chão e ter para todos um mesmo mundo! E depois, cada um vive em sua bolha rsrs

brasil.elpais.com/brasil/2019/

@darksideofaquarius@mastodon.gal Acho que há uma interação entre os dois. Por ex., é preocupante que a figura do comentarista de portal, algo tão anedótico no passado, tenha se transformado no nosso Tio do WhatsApp. Não dá para deixar esse povo ganhar terreno, tampouco dominar.

Se hoje eles constrangem com as palavras, amanhã constrangerão com as ações, pois palavras já são ações.

@darksideofaquarius@mastodon.gal não é nem questão de converter, meu amigo, é necessidade de habitarmos num mundo comum para que possamos discordar ou concordar. Essas bolhas virtuais são replicadas no real.

3 chopes. Hora de voltar para casa e trabalhar mais umas 3 horas 😪

@darksideofaquarius@mastodon.gal pois é, penso q poderia vir mais gente para o fediverso, incluso os direitosos, inclusive para deixarem de ser (inclusive deixarem de naturalizar pala vras como "ultradireita" etc.)

Marcio LM boosted

#introducao Sou o Tiago de Lima Castro. Sou professor de música e de filosofia, mesmo atuando mais na primeira. Fiz mestrado e doutorado em estética musical. No meu Blog e Podcast divulgo temas que pesquiso, entre outras cositas más...

Vejo bte gente debandando do Xeeter, mas indo para o Bluesky.

O que está dando "errado" no fediverso?

Escrevi isso em 2022, sobre a pandemia de 2020:

> Em 2020, quando começou a pandemia, ouvi o dito de que era preciso não levar o rompante das pessoas tão a sério, pois as coisas não estão normais e, mais ainda, as pessoas sequer se comunicavam por meios corriqueiros.
> Comecei a perceber isso pelo Wzap, pelos mails e pelo Google Meet: eram fábricas de mal entendidos.
> Mas parece que, 2 anos depois, as pessoas naturalizaram isso. Elas tomam aquele zapzap ou mail atravessado e aquele avatar movente e comentário com um lag na conexão como se tivessem o mesmo estatuto da fala e da presença em carne e osso. E mais ainda: tiram conclusões sobre as relações reais com o outro por meio disso.
> Essa confusão entre o meio e o emissor deve ser um assunto e tanto, por exemplo, para quem faz psicoterapia online (tema que há 10 anos era considerado impossível, inclusive por colocar questões como essas).

Uma consequência muito séria disso que tenho visto é que os adolescentes não estão conseguindo notar a diferença entre certo desempenho que eles realizam num momento e o que eles são. É como se todo mundo fosse inteiro, aqui e agora, e não tivéssemos momentos de força e fraqueza, ou de aprendizado por ex. Aí ttudo precisa ser resplandecente, todo mundo tem que ser o mais bonito e o melhor, sem frustrações.

Só que somos finitos, temos defeitos, aprendemos, e no fundo estamos forjando uma sociedade de derrotados e frustrados, pois todo mundo percebe em algum momento que não se iguala a um avatar.

E o que as pessoas fazem então? Reforçam o sistema de aparências. Até os exageros depressivos e as ameaças de suicídio fazem parte disso.

@tatianasaito@ursal.zone cuide-se! Melhoras!

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