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Estou estudando Psicologia do Trabalho e é incrível como eles desconhecem a própria história.

Dia desses vi que um carro não parava de estacionar em minha garagem. Reclamei no síndico e descobri que eram os vizinhos. Eles haviam entendido, por um desígnio do umbigo, que poderiam estacionar ali. Depois que "descobriram" que não pode - isto é, tiveram a cara de pau até alguém ter que dizer isso -, vieram então pedir para mim a vaga.

Não permiti, salientando que outras vezes isso deu problema. Até hoje, não me olham na cara. Resumo: eu é que estou errado.

Suco de Rio de Janeiro.

A regra é clara: toda criança que ganha na cara um celular quando sai de casa para "ficar quieta" é alguém que não aprenderá a ficar quieta em circunstâncias diversas. Não aprende a ter autocontrole e, adivinha? Tenderá a ser mais um descompensado adulto, cheio de ansiedades e sem saber lidar consigo, com os outros e com o mundo.

Retrato do empreendedorismo brasileiro é imprimir o QR code para o cliente fotografar a mesa, ver se o menu está online, e se tudo estiver certo ainda chamar o garçom e constatar se o prato está disponível.

Depois, é claro, deixar o cliente esperaaar.

Sempre acho engraçado quando o garçom fluminense recolhe o prato. Ele não deixa vc terminar a refeição direito, às vezes vc não largou o garfo, ou não engoliu a comida, ou ela nem desceu.

Mas naquele gesto de recolher o prato muito rapidamente há uma mistura de resquícios coloniais de serviçalismo, com resquícios coloniais de resisténcia a ele e pitadas da soberba do "estou pouco me zodendo para você"

Demorei para saber da existência da dita "teologia do domínio". Não concordo com esses discursos paranóicos com chave "tudo é um", mas esse vídeo é bte interessante:

youtube.com/watch?v=QH0J4X-GGg

Algumas coisas que percebo cada vez mais em alunos ingressantes na universidade:

  • estreitamento brutal de vocabulário;
  • tendência a considerar a leitura algo aversivo, e pior ainda se o texto for complexo ou longo e precisar de esmero e releitura;
  • intensificação exacerbada da emoção e volubilidade emocional;
  • dificuldade em entender onde está e quanto ao fato de que ele não é um cliente e sequer está num lugar onde pode dizer o que quiser sobre qualquer coisa, sem que isso tenha consequências;
  • uma espécie de crença auto-evidente de que ou se é um sucesso notório, ou um redondo fracasso, sem meios-termos. Não há maior sentido de evolução, de se estar num curso com início, meio e fim, com dificuldades ocasionais e sobretudo aprendizados;
  • Os alunos parecem achar que a vida é uma espécie de sucursal do Instagram, onde nos identificamos com uma imagem, um avatar imutável. Nesse sentido, não pode haver erro e qualquer erro é visto como fatalidade.
  • Não à toa os discursos sobre depressão e suicídio estão na moda. Afinal, ao que tudo indica, parece que todo mundo tem que ser perfeito e sem defeitos; que a vida não é um aprendizado; que as relações humanas não possuem ruídos e necessidade de entendimento mútuo, construído dia-a-dia e com todo mundo.

Os alunos de hoje parecem surfar naquele verso batido de Renato Russo: “a primeira vez é sempre a última chance”

De lá para cá
O comentarista de portal
Virou o tio do WhatsApp
O astro do telecatch
Virou presidente
O deputado comia as putas
Virou o mito da gente

É interessante ver como o povo fit fixa um objetivo para a vida que é de "ser fit" e tudo gira em torno de uma ascese que consiste em certa alimentação "fit", rotinas de academia e tudo filmado várias vezes ao dia para sair no Instagram.

É uma versão ultra-rebaixada e requentada do que ensinaria O Retrato de Dorian Gray.

Hoje peguei Uber com um motorista argentino. Perguntei sobre . A resposta foi que ele é uma esperança, embora haja muita pobreza. O anterior era um "bandido", "igual a Lula". Milei "vai mudar a Argentina", mas isso "se o deixarem fazer".

Triste. São exatamente as mesmas idiotices de WhatsApp contadas para promover , só mudando o nome.

É o que Da Empoli chama de "Internacional Nacionalista".

Algo que tenho notado no sul do Brasil é a degradação geral das condições de vida. É na relação entre as pessoas, é nos serviços, tudo.

Antes da pandemia eu notava sempre, por exemplo, como o sul era tão mais fácil e barato de viver que outras regiões.

Agora a gasolina do sul concorre com a de lugares como as regiões mais turístico-predatórias do Rio de Janeiro. E o preço da marmita - aquela que sustenta o trabalhador - já é mais caro.

3 chopes. Hora de voltar para casa e trabalhar mais umas 3 horas 😪

Marcio LM boosted

#introducao Sou o Tiago de Lima Castro. Sou professor de música e de filosofia, mesmo atuando mais na primeira. Fiz mestrado e doutorado em estética musical. No meu Blog e Podcast divulgo temas que pesquiso, entre outras cositas más...

Vejo bte gente debandando do Xeeter, mas indo para o Bluesky.

O que está dando "errado" no fediverso?

Escrevi isso em 2022, sobre a pandemia de 2020:

Em 2020, quando começou a pandemia, ouvi o dito de que era preciso não levar o rompante das pessoas tão a sério, pois as coisas não estão normais e, mais ainda, as pessoas sequer se comunicavam por meios corriqueiros.
Comecei a perceber isso pelo Wzap, pelos mails e pelo Google Meet: eram fábricas de mal entendidos.
Mas parece que, 2 anos depois, as pessoas naturalizaram isso. Elas tomam aquele zapzap ou mail atravessado e aquele avatar movente e comentário com um lag na conexão como se tivessem o mesmo estatuto da fala e da presença em carne e osso. E mais ainda: tiram conclusões sobre as relações reais com o outro por meio disso.
Essa confusão entre o meio e o emissor deve ser um assunto e tanto, por exemplo, para quem faz psicoterapia online (tema que há 10 anos era considerado impossível, inclusive por colocar questões como essas).

Uma consequência muito séria disso que tenho visto é que os adolescentes não estão conseguindo notar a diferença entre certo desempenho que eles realizam num momento e o que eles são. É como se todo mundo fosse inteiro, aqui e agora, e não tivéssemos momentos de força e fraqueza, ou de aprendizado por ex. Aí ttudo precisa ser resplandecente, todo mundo tem que ser o mais bonito e o melhor, sem frustrações.

Só que somos finitos, temos defeitos, aprendemos, e no fundo estamos forjando uma sociedade de derrotados e frustrados, pois todo mundo percebe em algum momento que não se iguala a um avatar.

E o que as pessoas fazem então? Reforçam o sistema de aparências. Até os exageros depressivos e as ameaças de suicídio fazem parte disso.

"N'ayez jamais peur de la vie, n'ayez jamais peur de l'aventure, faites confiance au hasard, à la chance, à la destinée.

Partez, allez conquérir d'autres espaces, d'autres espérances. Le reste vous sera donné de surcroît."

✒️ Henri de Monfreid, Les secrets de la mer rouge

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