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As redes sociais balançaram os . Mas o que os matou, de fato, é a mudança de paradigma de navegação. Não mais o link, mas

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- a ausência de histórico (as search engines alteraram os algoritmos para não mais buscar ou priorizar dados historicos, mas dados atualizados)

Desde então (em torno da virada dos anos 2010) nos transformamos naquilo que Hakim Bey já profetizava: *zumbis cibernéticos*

Você vê tanto filosofo analitico chamando a atenção à linguagem e depois reduzindo a história da filosofia a filósofos falantes de inglês.

O direito moderno inventou o processo e a instrução processual. Aí o Brasil, sendo obrigado a aderir à modernidade, fez uma síntese entre a colônia e a modernidade: inventou o burocrata rei da própria mesa.

O Brasil, com isso, não desfez as relações coloniais e imperiais remetidas à realeza européia. Ele multiplicou os reinados, tornou cada pequeno burocrata um rei da própria mesa, do secretário de gabinete mais importante ao garçom do bar.

Por trás do produtivismo acadêmico se esconde uma indústria do descuidado: avaliações não feitas de monografias, dissertações, teses; pareceres não lidos para artigos; decisões editoriais feitas sem cuidado; revisões de texto mal feitas; traduções ruins; artigos mal escritos, sem ineditismo, sem lógica ou de argumentação frágil; práticas de autoplágio, salami research, negligência de citação obrigatória de quem já pesquisou antes, citações feitas sob relação puramente pessoal, passagem por cima de pesquisadores mais adiantados; preconceito colonialista contra "não-ocidentais"... há um circo grotesco e muito feio na academia.

E como ele se sustenta? Por vínculos baseados em relação pessoal se sobrepondo à academia, por vícios e bolhas, por delegação sob critérios pessoais de quem pode ter fala qualificada, por redes de ostracismo, denegação ou ataque direto, por desqualificação automática de não-ocidentais...

Mas há quem ainda preze pelo rigor, pela pesquisa paciente e consequente, sem produção por número, citando inclusive quem lhe negligencia, cultivando o que a academia deve ser, não caindo nesses esquemas de technorati, pirâmides, iniciações e fast food.

Quando dou aula o mal estar é diário: cada vez mais os alunos lêem menos, e quando há leitura ela não ocorre no papel.

Em ciências humanas, é como imaginar um aluno de exatas com calculadora de 4 operações ou sem calculadora.

Marcio LM boosted

The Lost Art of Handwriting

A new book provides a glimpse into how some of the most resoundingly famous writers actually, you know, wrote.

By Sarah Rose Sharp via @hyperallergic

hyperallergic.com/928594/the-l

#books #handwriting

Alguém teria que escrever um texto sobre como a informatização, no Brasil, elevou a dificuldade burocrática a uma segunda potência.

Encastelou mais ainda os burocratinhas de zerda.

O Rio de Janeiro tem muito, no cotidiano, aquelas experiências que te deixam refém, indignado, ultrajado, mas sem meios de comunicar aos outros, sem meios de elaboração simbólica. É estelionato, irregularidade, crime, sacanagem, tão intenso e com tanta frequência que as pessoas não elaboram, ou só elaboram como algo "normal".

Você fica "normalmente" num engarrafamento absolutamente sem sentido durante 1:30h: isso é frequente, não tem sentido, o desenrolar dos fatos é absurdo, isso nunca mais deveria ocorrer e, quando você vai contar para alguém a elaboração simbólica única possível é "ah, sim, um engarrafamento, entendi".

Não, meu amigo, as pessoas não entendem o regime de vivências do RJ. Viver engareafamentos não é igual, ninguém vive tantos, com tão pouco sentido, sem a possibilidade de mudar, com todo mundo tocando o fd-se para tudo e para você no nível aqui encontrado.

Mas é claro, há a outra opção: não elaborar, rir de tudo e, se tiver a opção, dar sua própria contribuição ao caos.

Marcio LM boosted
Marcio LM boosted

So Logitech's CEO wants to make the mouse a subscription service. A "forever mouse" to own, if you will... (as long as you keep paying that is.)

The company's already existing AI Prompt Builder will most assuredly come ready to go with ChatGPT integration on this as well.

Peripheral-as-a-Service (PaaS), I suppose... 😑


arstechnica.com/gadgets/2024/0
Article by Scharon Harding from Arstechnica

Marcio LM boosted

Qual é a maior mentira contada pelo brasileiro?

É um tema antigo o de que nada afeta um organismo se não estiver em suas possibilidades. Ou a versão moralizada disso, que consiste em dizer que ninguém carregaria uma cruz que não suporta.

Mas às vezes a vida prega peças tão grandes que a gente se pergunta se ela não exagerou na dose.

Qual é a maior mentira contada pelo brasileiro?

12 anos morando nessa porr@ de lugar e a conclusão é: isso aqui é uma perda de tempo vital coletiva, vaze daqui ou crie um protocolo urgente de afazeres.

Como bem diziam muitos músicos e artistas daqui, aliás.

"Le médecin est la seule puissance morale de ce siècle"

Nerval

# A Marvel acabou, e a culpa é do Multiverso

Fui assistir e hoje. Não durei 30 minutos na poltrona. A acabou e a pá de cal foi o "multiverso". Explico.

Nos anos 1980/90, universos como a Marvel e a DC começaram a deixar seus criadores preocupados: a multiplicidade de histórias começou a deixar tudo muito complexo, a desalinhar os personagens, a tornar o consumo de gibis ilógico. Quem comprava muito gibi começava a perceber que não havia linha nas ações, começava-se a se perder as linhas temporais e espaciais, o que um herói fazia aqui não batia com aquele outro gibi etc..

Na DC, criaram a "Crise nas Infinitas Terras" como uma espécie de obra universal que concentraria todos os personagens para dar uma espécie de zeragem no cronômetro e no ponto espacial: a partir do desfecho da "crise", a DC nivelaria as histórias, resetaria o universo, tudo teria sentido novamente.

O mesmo se deu na Marvel com sucessivas histórias, em torno de , , "novas" gerações ou séries (Ultimate etc) reunindo todo mundo em torno de seres cada vez mais poderosos.

Quando começaram a filmar nos anos 2000, já houve o descompasso de estúdios diversos para heróis diversos. Já começou tudo sem lógica. As adaptações ao cinema, salvo raras exceções, atropelavam histórias, misturavam narrativas, encurtavam em menções curtas histórias que renderiam filmes inteiros...

Deu no que deu: desperdiçaram munição e é como se não restasse mais nada.

Como, então, resolver o problema? Refazendo exatamente o que eles fizeram nos gibis dos anos 80/90, só que em sentido inverso: não se trata mais de tentar reunir as narrativas, mas de admitir que daqui por diante nada precisará ter nenhuma coerência.

E assim se criou o Multiverso. As histórias foram discrepantes? Basta dizer que pertencem a multiversos distintos. Pois *qualquer* personagem agora poderá ter *qualquer* história, trocar de papéis (até multiplicar o mesmo papel, criar um universo inteiro com um só herói), morrer e ressuscitar, sem qualquer fidelidade a uma narrativa. Desde que se coloquem algumas piadas no meio e o público ache graça...

Trata-se do filme *on demand*: se este não colar, basta no próximo desdizer tudo, inventar um outro caminho do multiverso e assim por diante.

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