Estava conversando com alunos que trabalham em áreas afins às questões de saúde, sobre como hoje em dia as pessoas aderem ingenuamente às gramáticas das redes sociais e isso também diz respeito ao tipo de clientes que eles encontram, com questões de saúde física e mental relativas a ansiedade, aparência, distorções de autoimagem, de relacionamento com os outros, de autoestima e aceitação, tudo devido às políticas de engajamento.
No que me responderam que a injunção ao engajamento é coisa que eles recebem como positivo até em outras matérias.
Ficou aquele ar de que eu estaria contradizendo outras pessoas, e mais ainda, remando contra a maré. Mas a questão é sempre mais profunda, e diz respeito às pessoas não serem simplesmente levadas como dejetos no curso da vida, mas terem a chance de tomar conhecimento, estudar, saber a respeito desse decurso, para terem a chance de mudá-lo.
Pois as #redessociais, as #BigTechs de #BigData, não são uma fatalidade, e sim empreendimentos muito bem localizados e desenvolvendo certas estratégias, especialmente focadas no governo da conduta das pessoas.
Pessoas como #Thoreau, #Gandhi, #LutherKing, #JaronLanier e tantos outros já o disseram.
Tomo o exemplo de Thoreau, durante a escravidão nos EUA: se um único proprietário de escravos liberta os seus, isso concorre para que os EUA inteiros sejam livres. Se um só de nós nos libertamos dessa injunção ao engajamento, isso concorre para que todos o sejam.
"Mentir constantemente no tiene como objetivo hacer que la gente crea una mentira, sino garantizar que nadie crea en nada. Un pueblo que ya no distingue entre la verdad y la mentira no puede distinguir entre el bien y el mal: un pueblo privado del poder de pensar." ~ Hannah Arendt (1906-1975). #Filosofía
Sempre quis um celular degooglado, mas ainda parece meio difícil.
# O Ser Humano na Era da Técnica
Umberto Galimberti
Cadernos IHU ano 13 • nº 218 • vol. 13 • 2015 • ISSN 1679-0316
#tecnica #tecnologia #filosofiadatecnologia #filosofia
https://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/218cadernosihuideias.pdf
@althieme com o q? É bom?
quanta maravilha
maravilharia durar
aqui nesse lugar
onde nada dura
onde nada para
para ser ventura
- paulo leminski
# Por que a obra de João do Rio, apesar de sua enorme popularidade, caiu no esquecimento?
Quando morreu, em 1921, Joao do Rio deixou cerca de 2,5 mil textos, entre cronicas, contos e romances
@QOTO Markdown is not working - whats going wrong?
"É preciso convir, senhor, que o homem não é senão vicissitudes"
Sólon para Creso, em Heródoto.
Ser contra o nepotismo e a "política tradicional" / votar no filho do político do Centrão
@dausacker https://mastodon.social/@dausacker/113284165992708243
Surpreende a ingenuidade nos estudos sobre ética. Fala-se em tanta coisa como se fosse evidente. A noção de "bem", por exemplo. Trata-se pensadores antigos como se visassem algo semelhante às noções modernas. Bom em grego é agathon, e o superlativo dele é o que os gregos chamavam de "virtude", areté. Areté não tem o significado de "bom", e sim de "melhor", então os "virtuosos" gregos eram os aristoi, os "excelentes", virtuosos não no sentido de deterem o bem, mas de exercê-lo em ato... e "bem" que pode ser o aristeia guerreira, tanto quanto política, ou do engenho da ação... coisas muito longe da nossa noção de "bem".
Sem contar as derivações de areté (virtude) em significados aristocráticos e até vínculos de sangue ou constituição do caráter. Virtude, aliás, no latim deriva de "vir", que é qualidade masculina, do varão, jamais feminina. O que no grego se assemelha à virtude da andreia, "coragem", derivada de "aner" - "homem" em grego...
Então, para nem mencionar tantos outros termos, tudo se passa como se um moderno soubesse do que fala ao tratar de Ética. E aí você abre um livro de ética empresarial com autores achando que a noção de liderança (surgida nos séculos XIX-XX) poderia ter algo a ver com a virtude aristotélica, e la nave va.
Minha formação está galáxias distante de ser minimamente boa, mas os alunos de graduação de hoje em dia são perturbadores: muitos chegam na universidade refratários à leitura, são intolerantes com matérias não estritamente técnicas, não sabem o que foi Auschwitz e quem foi Goethe, Goya, Dali e tantos outros.
Não há cultura geral, nem disposição para tê-la. E isso não se traduz num interesse mais voltado às matemáticas, pois por lá as queixas são as mesmas.
É quase como se a vida, a educação, tudo, devesse emular o Instagram e o Tiktok.
@erivan é, meu amigo, essa imagem do hospedeiro é muito boa, o fascista de fato se comporta assim... e de repente eclode no interior da democracia. É o paradoxo da tolerância do Popper
# Mastodon recebe mais posts de brasileiros, após bloqueio do X
*A rede social sem fins lucrativos foi criada em 2016 pelo programador alemão #EugenRochko e teve como principal inspiração o #Twitter*
@erivan a qual post vc se referiu?
Quando você se sentir um idiota, lembre que a #Globo fez uma reportagem feliz sobre o lucro das sorveterias durante a maior onda de calor da História.
Isso de fato está cada vez mais claro.
A ascensão das "mídias alternativas" pelas plataformas não está substituindo a mídia hegemônica.
Eles passam a se retroalimentar numa mesma ecologia, com a mídia sendo cada vez + colonizada pela lógica da economia da atenção.
RE: https://bsky.app/profile/did:plc:b2yh7pcbcq6nh4lhpueffwp2/post/3l4grerob542p
Depois das eleições de ontem, alguém ainda acha que o bolsolalismo poderia continuar ignorado?
As mentiras continuaram correndo soltas e nem dá para dizer que isso ocorre pelas sombras, pois tudo correu solto nas redes sociais. A única diferença que vivenciamos hoje, frente ao passado, é que o #bolsonarismo não está no poder executivo. Mas está em todos os outros.
A pergunta é: até quando deixar avançar? Pois o mecanismo é o mesmo já denunciado por tanta gente, como #UmbertoEco, #HannahArendt, #KarlPopper e tantos outros: o fascista se apóia na possibilidade democrática de posicionar-se, sendo que ele se posiciona contra o direito de outros se posicionarem.
Pelo fascista, o outro perderia seu lugar, voz, posição, até a presença se possível. Mas enquanto isso não é possível, o fascista avança pelos meios democráticos, e quando pode, não perde a oportunidade de falar.
A linguagem é a primeira coisa a ser minada: o direito do fascista falar o que quer constrange os outros de o repreenderem. Aqui, nos sentimos constrangidos em corrigir a informação falsa; ali, ficamos inibidos em dizer que não é bem assim. O diálogo silencia. O efeito, para o fascista, é ele achar que o silêncio do interlocutor significa que ele próprio, o fascista, detêm a razão.
E então o fascista avança: seu tema imaginário, não repreendido pelo outro pelo teste do Real, passa a ser encarado como detendo certa verossimilhança. E então, logo à frente, o que era verossímil, aproximativo, presumível sob condições duvidosas, torna-se certa verdade e finalmente "verdadeiro".
E de repente o mundo real começa a ser recoberto pelo tema espalhado pelo fascista. Sua narrativa passa a perder o caráter de narrativa. E quando se vê, o que era narrativa começa a parecer descrição dos fatos, e aquilo que era de fato descrição efetiva acaba afundado pela narrativa fascista, tornada ela própria "real".
Esse é o momento da "polarização política", aquela em que hoje vivemos. Tudo se passa como se existissem duas narrativas, a de direita e a de esquerda. Elas seriam incomunicáveis entre si. Apenas uma estaria com a razão. E essa binariedade é a primeira grande vitória do fascista, pois se ela existe, foi porque o mundo real, o dos fatos e das inúmeras posições e nuances, foi posto em dúvida pelo fascista, recoberto por uma nova camada, transpassado por duas narrativas das quais apenas uma pode ser verdade.
O passo seguinte é aquele no qual o mundo real pode ser inteiramente mistificado. É o ponto no qual a polarização será suplantada pela narrativa única, a do fascista. Dali por diante, será Nós e os inimigos, "eles" (aquilo que sempre foi avisado no nível da linguagem).
Afinal, quem firmou a voz desde o início, e quem jamais deixou de falar, é o fascista. Não foi ele que se calou. Ele se apoiou no mecanismo da democracia, aquele que permitia múltiplas vozes. Habilmente, foi reduzindo a polifonia a apenas duas posições possíveis, a dele e a de todos os que estão contra ele. E a cartada final é sobressair-se como a única voz "real" e "efetiva".
Pois todos nós, lá no início, ficávamos meio quietos, meio constrangidos, às vezes com certa pena. E quando julgamos necessário agir, ficou tarde demais. Pois as palavras são ações, e as ações ditas prenunciam ações futuras.
Interesses: História da #Filosofia, História das #CiênciasHumanas, História da #Psicologia, Michel #Foucault. Também por #arte, #natureza e #fotografia.
Posto: o que vejo diante dos olhos, nessa curta vida. Compartilho links e coisas que me interessam, interajo, guardo informações, cito trechos, conjecturo, separo coisas para ler...
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