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# Elon Musk não reclamou de ordens de remoção fora do Brasil

*Patrícia Campos de Melo demonstra que, quando o governo é de ultradireita, não é contra a censura*

www1.folha.uol.com.br/poder/20

Apesar de o bilionário  se definir como um "absolutista da liberdade de expressão" e ter protestado contra o que definiu como "tanta censura" do ministro , do (Supremo Tribunal Federal), o empresário tem cumprido, sem reclamar, centenas de ordens de remoção de conteúdo vindas dos governos da Índia e da Turquia.

Nesta sexta-feira (30), Moraes determinou a derrubada do X (ex-Twitter) no Brasil. A medida ocorre após a empresa não ter indicado um representante legal no país em 24 horas, como definido pelo ministro.
Na Índia, o X removeu links para o documentário da BBC "Índia: A questão Modi" após determinação do governo do primeiro-ministro , no ano passado. O documentário retrata o papel de Modi em um massacre de quase mil muçulmanos no estado de Gujarat, em 2002.  governava o estado e é acusado de omissão.

"Vídeos compartilhando a propaganda hostil da BBC World e lixo anti-Índia, disfarçados de 'documentário' no YouTube, e tuítes compartilhando links para o documentário da BBC foram bloqueados sob as leis e regras soberanas da Índia", disse na época Kanchan Gupta, assessor do Ministério de Informação e Radiodifusão da Índia. Ele acrescentou que tanto o YouTube quanto o , já sob o comando de Musk, tinham cumprido a ordem.

Indagado três meses depois sobre as publicações removidas pelo , Musk afirmou que não poderia descumprir as leis do país —ao contrário do que prometeu fazer no Brasil sobre liberar contas bloqueadas pelo Supremo.

"As regras na Índia sobre o que pode aparecer nas redes sociais são muito estritas e nós não podemos violar as leis do país", disse, em entrevista em abril de 2023.

A Índia tem visto uma crescente erosão na liberdade de expressão sob o governo do primeiro-ministro Modi, da direita fundamentalista hindu.

O X tem removido sistematicamente publicações contrárias ao governo e banido contas de jornalistas críticos na Índia. Em outubro, por exemplo, bloqueou as contas de dois grupos de defesa de direitos humanos com sede nos EUA —o Hindus for Human Rights (Hindus pelos Direitos Humanos) e o Indian American Muslim Council (Conselho Muçulmano Indo-Americano), críticos a Modi.

Não há números exatos, pois a empresa deixou de publicar relatórios sobre contas suspensas por decisão judicial desde que foi comprada por Elon Musk em 2022.
Como mostrou a Folha, de 2012 a 2022, o Twitter publicou dados semestrais detalhados por país sobre pedidos de informação por parte de governo e exigências legais para remover ou reter conteúdo. O relatório mais recente foi divulgado em 28 de julho de 2022, com dados do segundo semestre do ano anterior.

O bilionário tampouco protestou contra pedidos de remoção na Turquia, outro país com governo autocrático de direita. Lá, o X restringiu o alcance de centenas de tuítes por ordem do governo de Recep Tayyip nas vésperas da eleição presidencial de 2023.

Em resposta às críticas de um jornalista sobre a restrição de alcance das publicações, Musk disse, pelo X: "A escolha é estrangularem completamente o Twitter ou limitar acesso a alguns tuítes. O que você prefere?"

Além disso, Musk processou a organização Center for Countering Digital Hate (CCDH, centro para combate ao ódio digital) por um estudo que apontava alta no faturamento com anúncios ligados a discurso de ódio após a compra da plataforma pelo empresário.

No fim de março, um juiz da Califórnia arquivou a ação, afirmando se tratar de uma tentativa de Musk de silenciar seus críticos. "Essa ação é uma tentativa de punir os réus por causa de seu discurso", disse o juiz Charles Breyer.

À Folha o presidente do CCDH, Imran Ahmed, afirmou: "Elon Musk se vende como um herói da liberdade de expressão, mas ele moveu uma ação para silenciar minha organização quando fizemos uma pesquisa sobre discurso de ódio na plataforma e determinamos que esse tipo de conteúdo explodiu após ele assumir o X".

Segundo Khan, Musk "é um hipócrita e um valentão, e não o paladino defensor da Constituição que ele diz ser".

Uma reportagem do site Rest of the World mostrou que, entre 27 de outubro de 2022 e 26 de abril de 2023, o X recebeu 971 pedidos de governos e sistemas judiciais para remover conteúdo, contas ou fornecer informações privadas de perfis. O X cumpriu 808 deles –uma taxa de mais de 80%. Antes disso, a taxa de cumprimento de ordens de governos pelo X estava em cerca de 50%, segundo a Rest of The World,

Procurada, a assessoria de imprensa do X não respondeu.

Moraes determinou em abril a inclusão de Musk como investigado no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento.
O empresário havia dito que o magistrado deveria renunciar ou sofrer impeachment. Antes, um perfil oficial da plataforma havia declarado que bloqueou "determinadas contas populares no Brasil", e Musk retuitou mensagem em que disse que estamos revendo "todas as restrições" e que "princípios importam mais que o lucro".

Posteriormente, o empresário disse que Moraes se tornou o "ditador do Brasil" e deveria ser julgado por seus crimes.

# A Caixa de Pandora do neofascismo: por que as redes sociais privilegiam a extrema direita?

Cristian Arão

Há algum tempo, a relação entre algoritmos e o enfraquecimento da democracia vem sendo estudada em diversos países. Essas pesquisas revelam que o espaço virtual tende a favorecer conteúdos da extrema direita.

anpof.org.br/comunicacoes/colu

confunde discurso de ódio, preconceito, calúnia e difamação com "liberdade de expressão". Mas é crime.

Desde os anos 1990, no governo FHC, a reprovação escolar até a quarta série foi proibida ou, em última hipótese, dificultada. Isso era um jeitinho para cumprir exigências do Banco Mundial.

Isso significa que não houve um reforço nas condições pedagógicas: tudo permaneceu como já era, só que sem reprovação.

Aquelas crianças todas não aprenderam a ler e a fazer matemática básica. E são elas que, hoje, cursarm faculdades sem avaliação e hoje comandam o país em todas as esferas.

Não sei por que, mas me lembrei disso ao ver Moro proferindo palavras sobre a Venezuela.

# Foucault Before the Collège de France

Theory, culture, society, Volume 40 Issue 1-2, January-March 2023

Now in open access

journals.sagepub.com/toc/tcsa/

@PhilosophicalPsychology @philosophy

"Pode-se dizer que um valor é absoluto para um homem quando ele está prestes a morrer por esse valor"

Pierre Hadot sobre Sócrates

# Message or noise?

Michel Foucault (1966)

parrhesiajournal.org/wp-conten

“Message or Noise?” is Michel ’s response to a “Colloquium on the Nature of Medical Thought,” convened in the pages of French medical journal Le Concours Médical by the psychiatrist Cyrille Koupernik. The debate begins in Volume 88, Issue 42 of the journal (15 October, 1966), featuring contributions from Cochin Hospital’s Chair of Clinical Medicine Henri Péquignot, physician and director of Concours Médical Jean Robert Gosset, gastroenterologist Jean-Jacques Bernier, and medical journalist Raymond Lepoutre. Foucault’s article appeared in the following week’s edition, Volume 88, Issue 43 (22 October, 1966), alongside a response by historian and philosopher of science François , titled “Le Tour de Babel” (“The Tower of Babel”). The essay was republished in , Dits et Écrits, Vol. 1 eds. , and (Paris: Éditions Gallimard, 2001) 585-588.

# Máquinas sociais e valores humanos

Zeph Thibodeau

As IAs estão para criar o caos, e só ricaços estilo Elon Musk estarão a salvo disso. Enquanto a classe mérdia se atocha de aplicativos, há quem esteja se garantindo para manter a opção de viver sem a dependência de máquinas.

Enquanto isso, na superfície, boiam assuntos como esse:
goethe.de/prj/hum/pt/deu/25348

ALENCASTRO, M. S. Hans Jonas e a proposta de uma ética para a civilização tecnológica. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 19, p. 13-27, jan./jun. 2009. Disponível em: revistas.ufpr.br/made/article/ 

“O verdadeiro herói, o verdadeiro objecto, o centro da “Ilíada”, é a força. A força que é manipulada pelos homens, a força que submete os homens, a força perante a qual a carne dos homens se retrai. Nela a alma humana surge incessantemente alterada pelas suas relações com a força; arrastada, ceifada pela força da qual julga dispor, curvada sob o constrangimento da força que suporta. Aqueles que sonharam que a força, graças ao progresso, pertencia ao passado, puderam ver neste poema um documento; aqueles que sabem discernir a força, hoje como outrora, no centro de qualquer história humana, lá encontram o mais belo, o mais puro dos espelhos.

A força — é o que torna quem lhe é submetido numa coisa. Quando é exercida até ao extremo, faz do homem uma coisa no sentido mais literal, porque faz dele um cadáver. Havia alguém e, num instante, não há ninguém. É um quadro que a “Ilíada” não se cansa de nos apresentar. (...)

Apesar da curta embriaguez causada durante o Renascimento pela descoberta da literatura grega, o génio da Grécia não ressuscitou nestes vinte séculos. Algo dele surge em , em , em , em , e uma vez em . A miséria humana é posta a nu, a propósito do amor, na “École de femmes”, no “Fedro” [sic]; estranho século aliás, em que, ao contrário dos tempos épicos, só era permitido descobrir a miséria do homem no amor, enquanto que os efeitos da força na guerra e na política tinham de estar sempre envoltos em glória. Podíamos talvez citar mais alguns nomes. Mas nada daquilo que produziram os povos da Europa vale o primeiro poema conhecido que apareceu num deles. Talvez reencontrem o génio épico quando quiserem acreditar que nada está ao abrigo do destino, nunca admirar a força, não odiar os inimigos e não desprezar os infelizes. Duvidamos que seja para breve.”

Simone Weil, *"A Ilíada, ou o Poema da Força"*

# Historia da Filosofia Antiga

Giovanni Reale

archive.org/details/historia-d

Reale é um daqueles autores raros dos quais podemos ter a expectativa de encontrar sempre um bom texto.

# Mastodon nas universidades

[Esse texto](netzpolitik.org/2023/a-call-to) é muito importante, pois pergunta o seguinte: se as universidades fornecem emails para seus alunos e profissionais terem um login e se comunicarem em rede - promovendo ainda sua identidade e o pertencimento às universidades - por que não fornecer também uma conta do ou do ?

Afinal, são plataformas que não exigem muitos recursos, apesar de terem possibilidades incríveis de interação.

Há, inclusive, universidades e instituições de pesquisa que já fazem isso! O post acima cita a [Helmholtz Association](blogs.helmholtz.de/augenspiege) e o [MIT](mastodon.mit.edu/about), dentre outras iniciativas.

Mais sobre o [mastodon e o fediverso](askesis.hypotheses.org/3571).

Não sei o quanto passou despercebida [essa postagem](dialup.cafe/@vga256/1130145892), mas @vga256 estava divulgando uma série de mais de 12 mil aquarelas pintadas à mão para recriar o filme de , numa produção de 35 minutos muito bonita.

O arquivo está inteiro no archive.org - archive.org/details/blade-runn

Sou bem contra o povo da academia usar as redes sociais de *Big Techs* para divulgarem suas coisas.

É uma espécie de injunção tão grande a fazer isso que as pessoas se sentem praticamente obrigadas a seguir o fluxo. Difícil recusar.

Mas acadêmicos que se apoiam em redes sociais de *big techs* estão apoiando campanhas de engajamento sob finalidade de lucro privado.

Muita gente diz "ah, mas eu nem levo as redes a sério, embora o fato é que as pessoas estão todas lá..."

Mas aquestão é exatamente essa: tirar as pessoas de lá.

já dizia isso, bem na linha do que já dizia também : se **eu** não fizer isso, minha ação concorre para que outros não o façam (Thoreau já dizia: um só escravocrata que liberta seus escravos concorre para a abolição nos EUA inteiros).

Marcio LM boosted
Marcio LM boosted

📌 “Todos os estudos mostram que quanto mais se põe o digital nas escolas, menos as crianças aprendem”.

Visão | Uma operação ao cérebr...

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