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# Pobre Sul

Há muitos anos não deixo de ter a impressão de que o sul do Brasil tem sido a região que menos evoluiu e mais saiu comprometida com tudo, da pandemia aos eventos climáticos.

Tudo, no sul, precarizou: as mudanças climáticas são mais drásticas, não há investimento em melhoria urbana, o emprego está precaríssimo e via de regra informal, os preços aumentaram muito em todos os quesitos (combustível, imóveis, comida), as relações cotidianas se deterioraram (houve grande perda do senso de solidariedade e as pessoas se recolhem em nichos e bolhas), perdeu-se certa bússola sobre como se conduzir...

E o sul mantêm os mesmos políticos de sempre. E os mesmos slogans, muitos deles flertando com os piores preconceitos racistas e xenófobos, do tipo "AQUI se trabalha". Os índices são falsos, mas autoreferentes e inflados ("educação da Finlândia", "melhor nisso e naquilo", sem que o dado seja fidedigno), as palavras também ("porque lá pra cima é pior", "lá no nordeste...", "aquele povo que não trabalha"...)

A ultradireita afetou demais a percepção do sulista sobre o mundo. Há ali um anarcocapitalismo difuso, uma guerra velada ou muitas vezes explícita de todos contra todos, uma espécie de refugismo em pequenos apartamentos regados a netflix ou em bolhas identitárias das coisas mais fúteis.

Pobre sul... Quando vai despertar e voltar a ver sua exuberante mata atlântica, seus rios e a natureza ainda não atingida por seus agrotóxicos? Quando voltará a comer seu pinhão na chapa com chimarrão em manhãs frias? Quando voltará a ter aquela frieza que era só ressabiada, sem ser tão agressiva?

# Persistência das Fake News

Ontem falei que votaria no PT ou no PSOL e alguém prontamente me disse: *cuidado, pois o PSOL é quem administrava o Museu Nacional quando queimou*.

Achei super estranho e emendei: mas e não é a UFRJ quem administra o Museu Nacional? *Não, era o PSOL*.

Isso cheirava *Fake News* e não deu outra: na ocasião do incêndio, atribuíram o fato do reitor da UFRJ, Leher, ser do PSOL, e então misturaram tudo, passando a dizer que é o PSOL quem gerenciava o Museu.

É um festival de tolices, mas que cumpriu muito bem o papel de desviar o assunto e atingir resultados políticos duradouros:

Pois Leher, como reitor, nada tem a ver com o PSOL, e sim com a chapa que foi **eleita** pela UFRJ;

Pois o assunto serviu para desviar a atenção das responsabilidades do governo federal e da constante redução de investimentos públicos nas universidades;

Pois a notícia passa a fazer parte do ecossistema de ataque e desmoralização praticados pela ultradireita, dirigindo ao "inimigo da esquerda" toda sorte de ódio e desprezo.

Mas é mentira.

pragmatismopolitico.com.br/201

Volta e meia aparece um meme sobre um juiz cometendo barbaridades numa audiência virtual.

Na última, a juíza desrespeitou a advogada falando palavras de baixo calão em plena audiência. Mas lá pelas tantas, a juíza diz: odeio essas audiências virtuais, nelas todo mundo se acha juiz.

De algum modo talvez ela tenha tocado no essencial. Pois é uma aberração imaginar que poderia existir algo como uma audiência virtual, a ponto de irritar até o juiz. Para começar, todos os ritos são deslocados. A comunicação, os tempos, as possibilidades de fala são diferentes. Algumas audiências até cronometram o tempo permitido de fala.

Ninguém acha que um juiz antiético deixaria de sê-lo numa audiência presencial. Mas o fato é o de que essa invasão do virtual está prejudicando todo mundo que já tivesse antes uma posição fragilizada.

O está ampliando a política de generativa, e vai começar a treiná-las usando dados *pessoais* "públicos".

Mais uma rede social para cair fora.

# Post de britânica condenada por incitar violência e racismo não viola regras do X, diz plataforma

Quem está no reforça isso.

bbc.com/portuguese/articles/c8

Será que os chatos possuem distribuição populacional?

Às vezes parece que num lugar onde não há nenhum chato, alguém sempre acaba se transformando em um, como se quisesse completar alguma estatística obscura.

# Foucault’s Hegel Thesis: The “Tragic Destiny” of Life and the “Being-There” of Consciousness

Roberts-Garratt, O. (2024). Foucault’s Hegel Thesis: The “Tragic Destiny” of Life and the “Being-There” of Consciousness. *Foucault Studies*, (36), 443–469.

doi.org/10.22439/fs.i36.7227

In this paper, I offer an intellectual-historical reading of ’s unpublished master’s thesis. In contrast with other recent scholarship on the pre-1961 period of Foucault’s career, the purpose of this paper is to grapple with the philosophical content of this thesis on its own terms, distinguishing it as far as possible from his mature work. This allows forgotten concepts to re-emerge in the course of reading the text and for a novel engagement with such neglected facets of Foucault’s oeuvre. Indeed, the key concept which I argue emerges from Foucault’s early thesis is that of as the être-la of thought. By closely following Foucault’s Husserlian reading of , and his response to ’s paradoxes of phenomenology, it is possible to see how briefly lands upon a novel kind of scepticism about the reality of history and minds. In the same way, I will also show why Foucault was unable to fully develop or commit to these sceptical positions during this part of his career. The article concludes by briefly suggesting contrasts between my reading of this early text and the way Foucault’s oeuvre is more generally understood.

@philosophy

# O procurador que foi Uber por 4 meses em Salvador: 'Não tive sensação de ser meu próprio chefe'

*"Não tive, em nenhuma ocasião, a sensação de ser meu próprio chefe", resume Fonseca, em referência a um termo muito usado pela Uber e por motoristas.*

bbc.com/portuguese/articles/cx

# ONDA DE CALOR DE 45ºC FARÁ DE SETEMBRO UM DOS MAIS QUENTES DA HISTÓRIA

Massa de ar excepcionalmente quente traz onda de calor extremo em vários estados com riscos à saúde e mesmo de vida

 metsul.com/onda-de-calor-de-45 .

Contribuí n'O Estado da Arte com alguns textos.

O primeiro deles foi sobre a aberração da "[cura gay](estadodaarte.estadao.com.br/so) entre certos setores evangélicos que insistem em "usar" psicologia.

Depois escrevi sobre a intervenção militar de 2018 e o [discurso medicalizante](estadodaarte.estadao.com.br/po) usado pela imprensa a respeito dos militares.

Nas vésperas das eleições de 2018 o texto foi uma bola cristal sobre o que se seguiu até hoje na [polarização política e ascensão do novos fascismos](estadodaarte.estadao.com.br/fi).

Durante a pandemia foi preciso escrever sobre como o fascismo deturpou o discurso sobre [desobediência civil](estadodaarte.estadao.com.br/fi) aplicado sobre o isolamento social, tendo que evocar o exemplo de Thoreau e outros.

E finalmente foi preciso fazer uma análise das big techs e do [papel da educação](estadodaarte.estadao.com.br/ci) durante a pandemia.

Depois o Estado da Arte fechou as portas. Que bom que reabriu!

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# Volta de O Estado da Arte

*O Estado da Arte*, site mega importante sobre as contribuições das ciências humanas no contexto brasileiro, está de volta. Editorial:

estadodaarte.estadao.com.br/ed

Conversei com algumas pessoas de redes bem extensas que buscaram o e o em alternativa ao e perguntei: por que não o ?

A resposta foi (literalmente): comportamento de manada. Eles não vem ao Mastodon porque entendem que a rede à qual todo mundo "naturalmente" vai **não é** a do Mastodon.

O Mastodon não é visto como alternativa, e se é, trata-se de uma alternativa excêntrica.

Isso revela algum tipo de visão que parece circular por aí. Visão falsa, mas produzindo resultados bem concretos.

Eis o desafio: desfazer essa visão.

Renato Freitas e um discurso incrível sobre o que é corrupção (aos 8:45 min.)

youtube.com/watch?v=XJYCHd3j8g

Isso deveria ser transcrito e publicado, que lucidez!

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Qoto Mastodon

QOTO: Question Others to Teach Ourselves
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