@cadusilva e essas instancias podem existir? Nao tem como denunciar?
@malcontato muito interessante, vou procurar, obrigado!
Entrevista com Ilan Pappé sobre a limpeza étnica da Palestina
@malcontato E aí, ao invés das pessoas aprenderem que não corresponder a idealizações é parte de nossa própria finitude, o que estão aprendendo é o contrário: há cada vez mais idealização e a reação agressiva para consigo e para com o próximo é cada vez maior quando essa idealização não é correspondida.
@malcontato tipo assim: jamais uma imagem que projetamos no outro foi correspondida; mas, mais do que qualquer outra cultura, nossa cultura de imagens está explorando essa inadequação fundamental.
@malcontato Toda hora, e isso é muito curioso, pois Lacan dizia que esse estágio é constitutivo da subjetividade humana, é algo "irrecorrível" e uma espécie de função a partir da qual sempre nos comportamos. Sempre há um jogo de imagens perante nós mesmos e os outros, jogo que leva sempre à instabilidade de nossas idealizações. Isso não seria exatamente uma novidade. A novidade seria o fato de que esses mecanismos estariam sendo apropriados cada vez mais por gadgets, campanhas publicitárias, pelas redes sociais... e as pessoas estão pirando em cima disso.
@malcontato Estádio do espelho do Lacan, tornado espécie de artefato instrumentalizável por nossa sociedade de redes sociais.
Uma das bizarrices que foram cevadas pela ultradireita e certo pensamento liberal no Brasil é aquela que junta teologia da prosperidade com imagens de uma Israel branca, rica e merecendo uma herança originária, uma reparação histórica de fatos que ocorreram há 2000 anos.
No ecossistema da ultradireita eles conseguiram fazer com que cristãos brasileiros, predominantemente evangélicos (mas muitos católicos), acreditassem que ocorre agora em Israel alguma coisa com certa qualidade bíblica, e não política.
Artigo incrível destacando a pesquisa de Ilan Pappé, autor de "A Limpeza Étnica da Palestina"
> "Qual seria, então, a singularidade da obra de Ilan Pappé e por que sua leitura deve ser obrigatória para todos/as que estão conectados/as com a luta do povo palestino e/ou interessados/as em entender os mecanismos de dominação do neocolonialismo materializados nas políticas do Estado de Israel? Pela primeira vez, um pesquisador entra na alma do projeto sionista: vale-se dos arquivos da Haganá, das FDI (Forças de Defesa de Israel), arquivos centrais sionistas, registro das reuniões da Consultoria, diário e os arquivos pessoais de Ben-Gurion"
@Dormunsu Boa. idiocracia é um termo que deveria ser mais usado e mais atribuído àquelas redes sociais
Excelente artigo que situa a questão palestina a partir de Finkelstein, Pappé e outros.
Ao menos aqui no Mastodon o algoritmo não vai limitar meu post ;)
https://aterraeredonda.com.br/israel-na-palestina-as-veias-abertas-da-limpeza-etnica/
A impressão que fica é a de que Israel é uma espécie de estado que mistura argumentos políticos e religiosos para fazer o que faz. Invoca uma espécie de legitimidade judaica de 2000 anos (desde a expulsão romana) para dizer que o território é seu de direito; e de algum modo que não esclarece, ela acha que, além do território ser seu, não deve haver outros povos ali.
É praticamente uma inversão de valência: se os judeus eram minoria nos últimos séculos na região palestina, façamos com que as coisas sejam divididas entre um estado puramente judeu e outro palestino.
Duas perguntas sobre Israel:
1) se é para haver a criação de 2 estados independentes, o que os israelenses estão fazendo na "zona C" da Cisjordânia? Pois a Cisjordânia parece um queijo suíço, de palestinos cercados por territórios israelenses, ao invés de ser um território palestinos com israelenses.
2) já não havia judeus vivendo aqui, e inclusive convivendo com palestinos? Como foi que esses problemas de sectarismo começaram? Não começaram exatamente no momento em que se pretendeu separar dois estados, ao invés de criar um só??
# A aula e a videoaula
Durante a pandemia eu gravei várias video-aulas para os alunos. Cada aula equivalia a um vídeo.
Os vídeos foram guardados e eu os disponibilizei como material complementar. Acho muito interessante quando os alunos os utilizam como tal: há em primeiro lugar a leitura dos textos, depois a aula, a monitoria, e por fim, também os vídeos.
Vídeo nunca foi método pedagógico, e sim material didático complementar. É para isso que um vídeo serve.
Disso, não é à toa que a educação anda tão fraca. A pandemia acelerou um tema horrível, de fundo mercadológico, que foi revestido como "método pedagógico": o mito de que videoaulas poderiam substituir aulas.
Mas quem experimenta os dois sabe da distância abissal entre um e outro.
Como seres humanos, somos capazes de aprender qualquer coisa de qualquer jeito. Um dos livros mais importantes do século XX, o *Tractatus* de Wittgenstein, foi escrito na lama e nas trincheiras da Primeira Guerra. Einstein compôs várias de suas equações como secretário numa repartição. O homem é assim, capaz de aprender com qualquer coisa.
Mas não é disso que trata a pedagogia. Ela serve para desenvolver métodos e meios ("mídias") para que alguém aprenda. E alguém sempre aprende mais e melhor quanto mais meios obtiver para isso. E o *meio* no qual a maior parte dos demais meios ocorrem é o meio da aula presencial, com o corpo presente, o diálogo, o cuspe e o giz (e o que mais vier).
Inclusive o termo "aula presencial" é errado. Ele faz pensar que existe a "aula presencial" e a "aula não-presencial". Só que o que não é presencial não é aula, e sim mídia, recurso. Assistir um vídeo não equivale a assistir uma aula, mesmo que o vídeo faça parte de uma estratégia pedagógica.
É nesse ponto que reside uma confusão delicada e com terríveis resultados. As pessoas, achando que recursos remotos são aula, estão abandonando as aulas.
Ledo engano.
Tenho dado certa atenção às psicologias do trabalho nos últimos tempos e a impressão é tão ruim que a única figura que consigo lembrar é a de Descartes, que nas Meditações dizia que a situação do conhecimento era tal que seria preciso abandonar tudo o que foi obtido até agora e recomeçar do zero para se começar a entender alguma coisa.
A situação é tal que simplesmente não consigo encontrar sequer um texto - não importando se o autor é famoso ou não - que me situe, por exemplo, de onde vem a noção de "organização", ou de "psicologia organizacional".
Pelo contrário, o que há é um festival de gente "definindo" organização como se fosse algo totalmente destituído de história.
E, sob meu olhar essencialmente ingênuo, consigo perceber, por exemplo, que "gerência científica" (Taylor) não é "organização", ou que "psicologia industrial" se refere à indústria e não a organizações. Mas, de repente, termos como "organização" e "psicologia organizacional" foram generalizados, não sendo apenas fruto de um olhar para a indústria, mas para qualquer, enfim, "organização".
Se a adoção de um termo e sua generalização são operações históricas, é de cair o queixo quando se vê uma área inteira que não consegue definir de onde vieram seus termos.
É por isso que as teorias organizacionais são uma salada indigesta. Elas inclusivem gostam de criticar o fato de que Taylor chamava de "administração científica" uma prática que de científica não tinha nada. Só que, não importa a metáfora (cérebro, máquina, organismo etc.), e não importa o empréstimo de teoria (psicológica, sociológica, da engenharia [?] etc.), as teorias gerenciais do século XXI continuam não sendo "científicas", e não passam de qualificações situadas por alguns teóricos, mas que são generalizadas em escala humana.
Lembro de Lacan, em Função e Campo da Fala, dizendo que Freud, ao contrário dos freudianos, não ousava avançar demasiadamente dos âmbitos centrais da psicanálise por cuidado de não perder as principais descobertas dela - em torno do inconsciente - sob o risco de manobras teóricas precipitadas. E eis que encontro Dejours abusando de termos psicanalíticos, temperados com outros termos fenomenológicos, para tirar conclusões inteiras da cartola.
E o mesmo se dá quando se usa noções como a de "comportamento organizacional". Ora, tudo é comportamento, mas o que autorizaria então a criação de uma sub-ciência comportamental? Certamente não é uma extensão das pesquisas behavioristas, e sim uma extensão de certa prática alheia ao behaviorismo que, de repente, passou a requerir behavioristas.
Os físicos que trabalham com mecânica quântica, ao menos, costumam rir dos empréstimos de seus conceitos.
Mas e os psicólogos? Eles deveriam estar no mínimo desconfiados de ver tantas teorias serem empregadas sob critérios tão duvidosos. Pois um recrutador pode ser behaviorista ou psicanalista, não importando se Freud e Skinner, ou Lacan e Skinner, são como água e azeite, embora o meio no qual os recrutadores estão - a seleção - pareceria ser homogêneo.
Mas enfim: viva Descartes.
Sim, isso que vc disse é profundo, há vários autores escrevendo sobre.
Um dos exemplos mais notáveis, me parece, é o do Giuliano da Empoli, que em "Os Engenheiros do Caos" chama esse fenômeno de uma "internacional nacionalista" (embora Hannah Arendt já havia antecipado as mesmas coisas sob o termo "internacional fascista")
Interesses: História da #Filosofia, História das #CiênciasHumanas, História da #Psicologia, Michel #Foucault. Também por #arte, #natureza e #fotografia.
Posto: o que vejo diante dos olhos, nessa curta vida. Compartilho links e coisas que me interessam, interajo, guardo informações, cito trechos, conjecturo, separo coisas para ler...
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