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Ser contra o nepotismo e a "política tradicional" / votar no filho do político do Centrão

@dausacker mastodon.social/@dausacker/113

Surpreende a ingenuidade nos estudos sobre ética. Fala-se em tanta coisa como se fosse evidente. A noção de "bem", por exemplo. Trata-se pensadores antigos como se visassem algo semelhante às noções modernas. Bom em grego é agathon, e o superlativo dele é o que os gregos chamavam de "virtude", areté. Areté não tem o significado de "bom", e sim de "melhor", então os "virtuosos" gregos eram os aristoi, os "excelentes", virtuosos não no sentido de deterem o bem, mas de exercê-lo em ato... e "bem" que pode ser o aristeia guerreira, tanto quanto política, ou do engenho da ação... coisas muito longe da nossa noção de "bem".

Sem contar as derivações de areté (virtude) em significados aristocráticos e até vínculos de sangue ou constituição do caráter. Virtude, aliás, no latim deriva de "vir", que é qualidade masculina, do varão, jamais feminina. O que no grego se assemelha à virtude da andreia, "coragem", derivada de "aner" - "homem" em grego...

Então, para nem mencionar tantos outros termos, tudo se passa como se um moderno soubesse do que fala ao tratar de Ética. E aí você abre um livro de ética empresarial com autores achando que a noção de liderança (surgida nos séculos XIX-XX) poderia ter algo a ver com a virtude aristotélica, e la nave va.

Minha formação está galáxias distante de ser minimamente boa, mas os alunos de graduação de hoje em dia são perturbadores: muitos chegam na universidade refratários à leitura, são intolerantes com matérias não estritamente técnicas, não sabem o que foi Auschwitz e quem foi Goethe, Goya, Dali e tantos outros.

Não há cultura geral, nem disposição para tê-la. E isso não se traduz num interesse mais voltado às matemáticas, pois por lá as queixas são as mesmas.

É quase como se a vida, a educação, tudo, devesse emular o Instagram e o Tiktok.

# Mastodon recebe mais posts de brasileiros, após bloqueio do X

*A rede social sem fins lucrativos foi criada em 2016 pelo programador alemão e teve como principal inspiração o *

valor.globo.com/empresas/notic

Quando você se sentir um idiota, lembre que a fez uma reportagem feliz sobre o lucro das sorveterias durante a maior onda de calor da História.

Marcio LM boosted

Isso de fato está cada vez mais claro. A ascensão das "mídias alternativas" pelas plataformas não está substituindo a mídia hegemônica. Eles passam a se retroalimentar numa mesma ecologia, com a mídia sendo cada vez + colonizada pela lógica da economia da atenção.

RE: https://bsky.app/profile/did:plc:b2yh7pcbcq6nh4lhpueffwp2/post/3l4grerob542p

Depois das eleições de ontem, alguém ainda acha que o bolsolalismo poderia continuar ignorado?

As mentiras continuaram correndo soltas e nem dá para dizer que isso ocorre pelas sombras, pois tudo correu solto nas redes sociais. A única diferença que vivenciamos hoje, frente ao passado, é que o não está no poder executivo. Mas está em todos os outros.

A pergunta é: até quando deixar avançar? Pois o mecanismo é o mesmo já denunciado por tanta gente, como , , e tantos outros: o fascista se apóia na possibilidade democrática de posicionar-se, sendo que ele se posiciona contra o direito de outros se posicionarem.

Pelo fascista, o outro perderia seu lugar, voz, posição, até a presença se possível. Mas enquanto isso não é possível, o fascista avança pelos meios democráticos, e quando pode, não perde a oportunidade de falar.

A linguagem é a primeira coisa a ser minada: o direito do fascista falar o que quer constrange os outros de o repreenderem. Aqui, nos sentimos constrangidos em corrigir a informação falsa; ali, ficamos inibidos em dizer que não é bem assim. O diálogo silencia. O efeito, para o fascista, é ele achar que o silêncio do interlocutor significa que ele próprio, o fascista, detêm a razão.

E então o fascista avança: seu tema imaginário, não repreendido pelo outro pelo teste do Real, passa a ser encarado como detendo certa verossimilhança. E então, logo à frente, o que era verossímil, aproximativo, presumível sob condições duvidosas, torna-se certa verdade e finalmente "verdadeiro".

E de repente o mundo real começa a ser recoberto pelo tema espalhado pelo fascista. Sua narrativa passa a perder o caráter de narrativa. E quando se vê, o que era narrativa começa a parecer descrição dos fatos, e aquilo que era de fato descrição efetiva acaba afundado pela narrativa fascista, tornada ela própria "real".

Esse é o momento da "polarização política", aquela em que hoje vivemos. Tudo se passa como se existissem duas narrativas, a de direita e a de esquerda. Elas seriam incomunicáveis entre si. Apenas uma estaria com a razão. E essa binariedade é a primeira grande vitória do fascista, pois se ela existe, foi porque o mundo real, o dos fatos e das inúmeras posições e nuances, foi posto em dúvida pelo fascista, recoberto por uma nova camada, transpassado por duas narrativas das quais apenas uma pode ser verdade.

O passo seguinte é aquele no qual o mundo real pode ser inteiramente mistificado. É o ponto no qual a polarização será suplantada pela narrativa única, a do fascista. Dali por diante, será Nós e os inimigos, "eles" (aquilo que sempre foi avisado no nível da linguagem).

Afinal, quem firmou a voz desde o início, e quem jamais deixou de falar, é o fascista. Não foi ele que se calou. Ele se apoiou no mecanismo da democracia, aquele que permitia múltiplas vozes. Habilmente, foi reduzindo a polifonia a apenas duas posições possíveis, a dele e a de todos os que estão contra ele. E a cartada final é sobressair-se como a única voz "real" e "efetiva".

Pois todos nós, lá no início, ficávamos meio quietos, meio constrangidos, às vezes com certa pena. E quando julgamos necessário agir, ficou tarde demais. Pois as palavras são ações, e as ações ditas prenunciam ações futuras.

Enquanto os fascistas são tratados com o respeito que não utilizam, eles avançam.

Até o ponto de ruptura.

@QOTO the markdown formating is not working. Is there any issue?

O qoto.org é muito bom, permite uma serie de notações acadêmicas e matemáticas e se foca em ser uma instância acadêmica **seriamente**.

Olha as regras aqui: qoto.org/about/more

Falou em , , , a dica é quente: trata-se num demagogo em quem você não deve votar.

Isso sem contar que o slogan "Deus, Pátria, Familia" vem do Integralismo brasileiro e, por meio dele, do nazi-fascismo.

A moderna é representativa, e isso significa que as pessoas votam em partidos políticos que deveriam ter propostas. O culto a pessoas é pré-moderno, diz respeito ao velho soberano, não ao democrata moderno.

Se alguém se apresenta sem partido, só com base na própria pessoa, ou compensa a ausência de propostas com esses chavões que só exprimem preconceitos, você já sabe: **ele não merece seu voto**.

O qoto.org ficou fora do ar varios dias, não consegui acompanhar nada, gente.

Mas amanhã, votem contra todos os fascistas.

> O silêncio é um grande auxílio aos que, como eu, buscam a Verdade. Na atitude silenciosa a alma encontra seu caminho sob uma luz mais clara, e o que é falso e ilusório transforma-se em cristalina claridade. Nossa vida é uma longa e árdua busca da Verdade, e a alma necessita de um repouso interior para elevar-se em total plenitude.

Gandhi, Truth is God, 1959, p. 53

Vendo o , um candidato abertamente tenta encurralar o outro dizendo que ele se alia a Lula, a socialistas e a comunistas.

Como se isso fosse encurralar alguém... mas está bem claro, sobretudo, o tom fascista, que deveria ser proibido.

# Indução e filosofia da ciência

Stephen Law

O filósofo do século XVIII David argumentou que apesar de supormos que aquilo que observámos até hoje confirma as nossas teorias científicas, tais observações não fornecem de facto qualquer confirmação. Se Hume tiver razão, todas as teorias, quer a teoria de que a Terra gira em torno do Sol, quer a teoria de que o núcleo da Terra é feito de queijo, são igualmente racionais. O problema que Hume levanta é conhecido como o “problema da indução”. Trata-se de um problema que numerosos pensadores na filosofia tentaram enfrentar.

criticanarede.com/fildaciencia

Uma das coisas que mais chamam a atenção no sul do Brasil é sua falta de personalidade e seu modo de viver totalmente (segundo eles) "diferenciado". Eles realmente se acham diferentes do resto do Brasil.

É chegar numa cidade e ver os *slogans* dos governos, começando pelo universal "aqui se trabalha" (adivinhe onde é que "não se trabalha"?)

Aí você passa por aquele mundaréu de gente com camisetas de *heavy metal*, proporção quase igual à de roupas de banho nas ruas de Copacabana. Não é pegadinha do Silvio Santos: a proporção de gente assim convida a vestir-se de branco (até porque o sul está acabando com suas matas e o calor está insuportável).

Você anda de carro e só toca Rock. Quando não, é aquele sertanejo universitário que toca às 4 da manhã quando alguém pendurado na latrina lembra que tem ouvidos.

O rock daria muitas histórias à parte, pois afinal, o rock é gringo. As cenas são hilárias quando os gringos comentam "nossa, aqui só se escuta músicas de décadas atrás".

Mas isso ainda não fere o orgulho do sulista, quer ele seja um catarinense se achando "nórdico" ou qualquer outro da "melhor capital", da "educação da Finlândia" ou de alguma Nova-[cidade européia]. Nem causa espanto (poderia até render muita coisa interessante) quando o gringo nota que alguns ritmos daqui sequer existem mais lá.

Talvez seria pior ao ver qualquer gringo de país liberal falando coisas - como seguridade social, saúde e suporte ao desemprego - que por aqui seriam chamadas de comunistas.

Mas o sulista não se importa. Até pareceria que não é brasileiro, embora não se saiba bem o que seja. Afinal, ele também lota as filas para tirar o passaporte.

Dentro de tanta bola fora, há uma que parece afetar o sulista mais nitidamente. Mas isso ocorre bem rápido. Trata-se daquelas ocasiões em que ele enche o peito para falar de sua descendência européia, mas o gringo antecipa ou constata dizendo "ah, entendi, **você é latino**".

O sorriso amarela, a espinha congela, mas é só por um momento. E segue o sulista com suas fantasias européias.

Camisa de heavy metal no sul é a maior coisa sem graça: parece uniforme escolar.

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